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domingo, 27 de janeiro de 2019

Novo crime ambiental traz mar de lama e destruição para Minas Gerais

Estou destruída. Eu que amo apreciar as belezas naturais de Minas Gerais, com suas montanhas, cachoeiras, muito verde... Vejo, hoje,  grande parte arrasada pela ganância do homem, irresponsabilidade dos políticos, pela fiscalização precária, licenciamento ambiental irregular e pela exploração mineral. Mais um crime ambiental exterminou uma localidade mineira. A extração mineral faz parte da história do estado. Seu próprio nome está ligado à mineração. A riqueza é imensa. Infelizmente, a detonação literal desse patrimônio é diretamente proporcional. Privatizações e  multinacionais levam o que temos de precioso e deixam apenas destruição.


Córrego do Feijão 
Em menos de três anos, dois crimes ambientais envolvendo mineradoras e, em ambos, a Vale, transformaram as localidades em um mar de lama. Minha consternação é imensa tanto agora, que conheci os encantos de Córrego do Feijão, em Brumadinho, como quando aconteceu a tragédia da Samarco/Vale em Bento Rodrigues, região de Mariana. Não conheci esta localidade, mas, meses antes, vi a imponente vida que existia no rio Doce, em Governador Valadares. Depois, ambos os locais de natureza vívida, resistindo bravamente à degradaçao, ação deplorável do homem, das empresas, indústrias e mineradoras viraram lama. Não resistiram.

Critiquei veementemente a falta de atitude e descaso em Mariana. Em Brumadinho, estou ainda mais abalada e não vou parar de criticar. Isso tem que parar.  


Mina da Passagem - Mariana
Nossa riqueza explorada - Relatório do Instituto Brasileiro de Mineração, elaborado em 2014, com informações sobre a Economia Mineral do Estado de Minas Gerais, mostra que Minas é o mais importante estado minerador do país; é responsável por aproximadamente 53% da produção brasileira de minerais metálicos e 29% de minérios em geral; as reservas mineiras de nióbio (usado na indústria de tecnologia) são para mais de 400 anos e são apenas três minas em todo o mundo; a atividade de mineração está presente em mais de 250 municípios mineiros; dos dez maiores municípios mineradores, sete estão em Minas, sendo Itabira o maior do País e das 100 maiores minas do Brasil, 40 estão localizadas no estado.
Mina da Passagem - Mariana

Os principais bens minerais produzidos no estado de Minas Gerais são: bauxita, ferro, manganês, ouro, paládio, prata, dolomito, filito, quartzo, calcário, chumbo, zinco, fosfato, feldspato, granito, zircônio, cobalto, enxofre, níquel, barita, manganês e nióbio. Dentre os estados brasileiros, Minas Gerais possui: a maior produção de minério de ferro, ouro, zinco, fosfato e nióbio, sendo este último também a maior do mundo (92%); a 2ª maior produção de bauxita; a 3ª maior produção de níquel e a maior reserva de manganês.

Barragens mal-feitas, com empresário pensando apenas na economia de gastos, são rompidas e tiram a vida existente em Minas. Vida das pessoas, dos rios, da vegetação, dos animais... Só se vê destruição e lama por todo lado.

Brumadinho foi a mais nova vítima de toda essa ganância. Primeiro foi Bento Rodrigues, na região de Mariana, há três anos. Até quando isso irá continuar?


Ouro Preto
Barragens em risco - Relatório da Agência Nacional das Águas (ANA), divulgado no final de 2018 e que analisou as barragens brasileiras ao longo do ano de 2017, apontou que subiu de 25 para 45 o número de barragens que correm risco de romper, sendo cinco em Minas Gerais e nenhuma delas é da Vale. Aliás a própria Barragem do Feijão, em Córrego do Feijão, região de Brumadinho, que se rompeu na última sexta-feira (25/1) não estava na lista. Então, o desespero só aumenta.

Porém, constam Nova Lima, Rio Acima e Ouro Preto. A primeira cidade faz fronteira com a zona centro-sul de Belo Horizontea segunda tem laudos considerando as estruturas sob “risco iminente de ruptura”, o que ameaça a captação de água potável no rio das Velhas, que é o maior afluente em extensão do rio São Francisco e a terceira é Patrimônio da Humanidade. Talvez, a cidade mineira mais conhecida mundialmente. Não quero nem pensar na dimensão que uma catástrofe dessas, causada pelas irresponsáveis mineradoras, poderá provocar. É preocupante e desesperador.

Ouro Preto
Foz do rio São Francisco em Alagoas 
Cânios do Xingó - rio São Francisco em Canindé do São Francisco - Sergipe
Em Itabirito tem barragem no mesmo estado que essa e várias outras em todo o país.

Em Itabirito, pontilhão por onde o trem da Vale passa para transportar o minério
Congonhas
Há de se destacar, ainda, que outros dois importantes patrimônios culturais e históricos estão ameaçados: Congonhas, que também  é Patrimônio da Humanidade. A barragem Casa de Pedra tem quase 10 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro. E Itabira, terra onde nasceu Carlos Drumond de Andrade e que tanto denunciou em seus poemas a destruição da cidade por conta da mineração. Exemplo é seu texto Confidência do Itabirano:

Confidência do Itabirano
Carlos Drummond de Andrade

Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!


Rio Doce em Governador Valadares
Bento Rodrigues - Em 2015, foi a destruição de Bento Rodrigues, na região de Mariana com a ruptura da Barragem do Fundão e, agora, em Brumadinho, Córrego do Feijão foi totalmente exterminada. Após três anos, muito pouco foi feito pela Samarco, que é controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton. As empresas nem os empresários foram responsabilizados com o rigor necessário. Ninguém foi condenado e processo judicial ainda não tem data de julgamento.

A comunidade não teve suas casas reconstruídas. Foram 19 mortos e 16 famílias envolvidas. As indenizações foram irrisórias frente ao estrago causado pelos 40 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos de minério de ferro que assolaram a comunidade. É considerado o maior desastre ambiental do Brasil. Além da poluição de todo o rio Doce, atingindo, inclusive, o município de Governador Valadares.


O que mais dói é que conheci o rio Doce em Governador Valadares e a localidade de Córrego do Feijão pessoalmente e ambos eram lindos! E dói mais ainda, Drumond, saber que corre o risco de Itabira não existir mais e passar a não ser nem uma fotografia na parede.

 Rio Doce em Governador Valadares


Rio Paraopeba em Belo Vale
Brumadinho - Dessa vez, são 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos. O impacto é menor, mas ainda está na iminência de outra barragem lá mesmo se romper. No domingo (27/01), teve alarme para evacuar o local. O impacto humano, muito maior! Até hoje (27/1), são 58 mortos confirmados, 305 desaparecidos e 192 resgatados com vida. O rio Paraopeba tem muita lama acumulada. Ele passa por 49 cidades. Betim, onde trabalho é uma delas. Na própria sexta-feira, as casas no bairro Citrolândia foram evacuadas. No sábado, os moradores puderam voltar. Vi o rio na parte em que passa em Belo Vale. E ainda estão com medo de que os rejeitos cheguem à represa de Três Marias. 

Inhotim
Brumadinho tem um dos mais importantes centros de arte do mundo: o Inhotim, que está entre os 25 melhores museus do mundo. Isso, de acordo com o ranking Travelers’ Choice Museums 2014, divulgado pelo TripAdvisor, com base nas classificações dos usuários do site.Se as vítimas diretas de Bento Rodrigues não tiveram nenhum respaldo até agora imagina quando nossa Minas e nossos rios todos virarem lama. Sem água, sem energia, atingindo várias partes do Brasil. É o fim do mundo e todos se isentam da responsabilidade.


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*Texto e fotos: Karina Motta

sábado, 19 de janeiro de 2019

A gastronomia pernambucana

Ao falar de comida típica de Per-nambuco, todos lembram imediatamen-te do Bolo de Rolo. Descobri lá também um doce de queijo com banana, que se chama Cartola. A tapioca e a Carne de Bode são muito comuns no nordeste e em Pernambuco não é diferente. Até buchada de bode encontrei. Caldos também são vendidos em todos os cantos e quiosques. O de sururu sempre aparece no cardápio.


E já que o turismo vivencial que o BLOG VIAGENS PELO BRASIL ama inclui experimentar a gastronomia local, lá fomos nós degustar cada delícia. A carne de bode eu já havia experimentado no Sergipe. E acabei voltando a experimentar em forma de churrasco em Pernambuco. No restaurante Bode do Nô, que almoçamos quando fomos para Olinda, tinha buchada de bode. Não resisti e tive que experimentar. Sempre tive curiosidade e sempre achei que eu iria gostar apesar de todos torcerem a cara quando se fala nessa iguaria. E realmente gostei! Também tinha filé mignon, linguiça, costela... Tudo de bode.
Galinha à cabidela é um prato típico e uma das mais famosas é no restaurante Cabidela da Natália. Uma das unidades ficava muito próximo do hotel onde nos hospedamos, mas ao vermos no cardápio cabrito assado, demos prioridade, pois nunca havíamos provado. E galinha à cabidela nada mais é que o frango ao molho pardo dos mineiros.

Na praia, o que não posso deixar de comer é camarão.

Crédito: Paulo César Ramalho

O bolo de rolo é fenomenal. Trata-se de outro Patrimônio Imaterial de Pernambuco, reconhecido como tal em 2008. Já havia experimentado. Realmente, é um crime comparar ou chamar essa iguaria de rocambole. É tão gostoso quanto, mas é totalmente diferente. São diversas camadas fininhas de pão de ló e o tombado pelo patrimônio é só o recheado de goiabada apesar de ter recheios diversos e alguns com a massa de chocolate.

Em cada esquina de Recife e de Porto de Galinhas tem essa delícia. O bolo de rolo é uma adaptação do bolo colchão de noiva, que é português. Originalmente, eles utilizavam nozes no recheio e aqui no Brasil, por terem encontrado muita goiaba, o recheio tradicional pernambucano é derivado da fruta. Eu na verdade amei essa adaptação. Como boa mineira, como não amar goiabada? Fora que nozes estão entre as pouquíssimas coisas que não como. Vai entender, prezado leitor. Odeia nozes e amou buchada de bode. Pode parecer estranho para vocês, mas para mim é natural. Adoro miúdos, comidas fortes (rabada, dobradinha, mocotó etc, etc, etc)
Outro doce muito presente entre os pernambucanos é o bolo Souza Leão, que também foi reconhecido como patrimônio cultural e imaterial de Pernambuco, em 2008. Na correria dos passeios, acabei não provando.

Geralmente, quando saio para jantar, não peço sobremesa, mas sempre que estou viajando, sim. Em Recife, fomos conhecer o Entre Amigos e achei maravilhosa uma delícia de doce de leite. Eu, que não sou fã de doce estou ficando especialista em sobremesas.


A tapioca é outro item que não falta nem no café da manhã dos pernambucanos.  E também está em toda esquina assim como em Maceió  ou em todo nordeste. Aliás, agora com a onda de dietas sem glúten, inseriram a tapioca no café da manhã dos brasileiros para substituir o pão. Mas a origem da tapioca ou beju é pernambucana mesmo. Ela é feita da fécula extraída da mandioca (macaxeira). Em Olinda, a tapioca ganhou o título de Patrimônio Imaterial e Cultural da cidade, em 2005. O título foi dado pelo Conselho de Preservação do Sítio Histórico de Olinda. 

Depois de conhecermos Caruaru, almoçamos no restaurante da Perua. Tinha carne de sol e camarão.
Jantamos em Nova Jerusalém, em uma cerimônia como se fosse a Santa Ceia. Tinha carne de bode também. 



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*Texto e fotos: Karina Motta

domingo, 13 de janeiro de 2019

Perdões/MG, a cidade da amizade

Mais uma vez, aproveitei a ida do meu marido a uma viagem a trabalho e aproveitei para ir com ele e registrar os principais pontos turísticos de Perdões/MG. A cidade é conhecida na internet como da amizade.

O tempo estava chuvoso, mas quando deu uma trégua, consegui fotografar o centro histórico.

Fomos direto para a praça Zoroastro Alvarenga, onde fica a Matriz Nosso Senhor Bom Jesus dos Perdões. As duas são muito bonitas. A igreja é de 1790. E só em 1983 foi colocado um cruzeiro revestido de mármore branco.

Os moradores locais disseram que ela é linda por dentro, mas conseguimos entrar apenas na capela do Santíssimo. Uma senhora que levou flores nos disse que a pessoa que fica com as chaves da igreja mora em um prédio em frente a ela, porém, não sabia qual apartamento. Dessa vez, como não era casa e por falta de informação precisa, não quisemos incomodar nem ir atrás das chaves da igreja. Fica para outra oportunidade.


   
  

Na praça, o coreto foi inaugurado posteriormente, em 1982.

 

  
Em volta da praça, um lindo conjunto de casarões coloniais, que são tombados pelo Patrimônio Municipal desde 2003. Um deles pertence à família de um senhor que serviu na guarda de D. Pedro.

 
 
A Matriz não foi a primeira igreja da cidade. Em 1770, construíram a capela Bom Jesus dos Perdões na região onde se formou o arraial. Hoje, ela é dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Seu estilo é o Barroco E aí vem mais um templo para a coleção do BLOG VIAGENS PELO BRASIL! Quase que não consegui conhecê-la. Mesmo com o GPS, sempre indicavam a Matriz. Aí, quando estávamos no Santíssmo, a mesma moradora que nos deu a dica do prédio, mostrou onde era a capela do Rosário. Muito pertinho e não conseguiríamos conhecê-la se não fosse a boa vontade dessa senhora.

 
 
 
 
Ela até nos mostrou a igreja, pois, pasmem, por ficar no alto, ela pode ser avistada de vários pontos da cidade e eu lá em uma busca desenfreada à igreja sem percebê-la!
Ela é linda e simples, com a praça José Modesto Sobrinho bem em frente. Hoje ela não possui torres, mas à época de sua construção, sim.
 
 
 
 
Nome da cidade - A igreja foi construída pelo Alferes português Romão Fagundes do Amaral. Contam que ele era fugitivo da justiça e, cansado de viver se escondendo, ofereceu a D. Maria I um cacho de bananas todo em ouro maciço em troca do seu perdão dando origem ao nome da cidade.

Também não conseguimos chegar até a Estação Ferroviária pelo GPS. Ele sempre nos encaminhava para a linha de trem. Desistimos e apenas fotografamos este ponto.

O museu Municipal e rádio foi fórum e cadeia da cidade. A arquitetura é em estilo neoclássico.
Dentre os hotéis que pesquisamos, todos ficavam à beira da BR e achei o melhor o

Hotel Vila Helmar. Ele é simples, mas aconchegante. Bom colchão, água quentinha no chuveiro, roupa de cama limpa e bom atendimento. A televisão ainda é de tubo e só possui os canais abertos, porém, como eu ficaria apenas um dia, esses detalhes não atrapalharam em nada.


Ao lado do hotel havia uma igreja. Não descobrimos o nome dela, pois esqueci de perguntar e depois não achei referência dela. Consegui entrar na Capela do Santíssimo.


Almoçamos em um self-service de comida a quilo. Era simples, mas estava saborosa.
À noite, fomos ao Mirante Estação Gastronômica, que é todo decorado com fotos da cidade e ainda, como diz o nome, tem paredes de vidro para que dê vista para toda a cidade e região se você prestar bastante atenção ao longe.

Pedimos picanha alta e mal passada com mandioca frita. Havia a opção com fritas, mas a carne não tinha especificação de que era alta. Pedi para trocar e assim foi feito. Engraçado que sou carnívora mesmo e amo carne mal passada, mas ninguém acredita (risos) e pedi essa opção justamente por já estar no cardápio que era mal passada. Mais uma vez o garçon estranhou e veio nos advertindo que nosso pedido era mal passado. Explicamos que por isso mesmo o escolhemos.


Localização:Perdões fica no Sul de Minas Gerais, a 211 km de Belo Horizonte.

Visitei e recomendo:
Praça Zoroastro Alvarenga
Matriz Nosso Senhor Bom Jesus dos Perdões
Capela Nossa Senhora do Rosário
Estação Ferroviária
Museu Municipal e rádio

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*Texto e fotos: Karina Motta