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segunda-feira, 20 de julho de 2020

Projeto artístico identifica rios canalizados em BH com placas

Projeto é da artista plástica

Em fevereiro de 2020, as torrenciais chuvas que caíram na Capital mineira e alagaram dezenas de ruas de Belo Horizonte, trouxeram à tona um debate sobre as consequências da canalização dos rios da cidade. Dados da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), dos 654 km da malha fluvial do município, 208 km estão escondidos sob ruas, avenidas e construções. A própria ocupação da cidade que é em cima de uma malha fluvial explica a ocorrência de tragédias como presenciamos no início do ano. As construções por cima dos rios canalizados acaba por impedir o solo de absorver água e sobrecarrega as galerias subterrâneas.

 

Lembro que durante as enchentes, com as ruas alagadas e tudo sendo levado pela correnteza, em entrevista, um professor da UFMG salientou que a água estava simplesmente seguindo o caminho dela. A rua havia se tornado um rio porque ali era um rio e só soubemos disso por causa das chuvas. Inclusive minha tia que morou grande parte da vida dela no centro da cidade, na rua São Paulo, uma das que virou rio, sempre comentava  que embaixo do asfalto passava um rio e que quando ela se mudou para BH, ali passava um rio. Sempre desconfiei dessa fala dela e constatei da pior maneira que era verdade.


Bem perto dali, a rua Padre Belchior era um rio. Nela, há até uma construção com mensagem lembrando isso.

E, agora, para deixar ainda mais claro, a artista plástica Isabela Prado está desenvolvendo o projeto Entre Rios e Ruas, sobre a hidrografia invisível da capital mineira. Essa intervenção urbana consiste em espalhar placas pelas ruas de Belo Horizonte para identificar onde passam os rios canalizados de BH. Atualmente, são 165 quilômetros em extensão de canais fechados.

 

No instagram oficial do projeto, ele é apresentado como reflexão poética sobre as relações entre cidade, paisagem, meio ambiente e indivíduo. É uma forma de reconhecer a presença dos córregos pela cidade.

 

A ideia do projeto surgiu quando a artista plástica voltou ao Brasil em 2006 depois de ter vivido cinco anos no exterior. À época, estava em pleno vapor a obra do Boulevard Arrudas, que estava cobrindo o Ribeirão Arrudas. Porém, ela soube que, na mesma época, um rio em Seul (Coreia) estava sendo destampado e revitalizado. A reflexão dessas duas realidades motivou o projeto.

 

A instalação das placas iniciou nos primeiros meses de 2020 antes mesmo das fortes chuvas e continuou após elas. 


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*Texto e Fotos: Karina Motta