Amo samba e, desde criança, tenho uma relação curiosa com
Clara Nunes. Lembro da notícia de sua morte até hoje. Eu era pequena mesmo,
devia ter uns oito anos de idade. Em março/abril sempre minha tia levava a mim
e meus irmãos para passarmos as férias dela em
Cabo Frio.
Sempre ela alugava uma casa ou apartamento e levava alguém para cuidar do local
e cozinhar. Assim, quando chegávamos, íamos à feira e à peixaria abastecer a
casa. Estávamos na fila do caixa da peixaria quando a moça escutava o rádio que
deu a notícia do falecimento de Clara Nunes. Minha tia ficou muito triste.

Desde então, sempre que ouvia música dela prestava mais
atenção e hoje tenho a oportunidade de conhecer a cidade mineira (minha
conterrânea) de Caetanópolis, onde Clara nasceu. A ideia partiu do meu marido
quando propus a ele escolher um lugar para comemorarmos seu aniversário e, para
minha sorte, ele escolheu lá.

E estamos bem atuais. A Portela já anunciou que a cantora
será a homenageada no samba enredo deles no ano que vem. Soubemos no museu que Clara puxou o seu primeiro samba enredo com a ajuda de um mestre pela Portela em 1974. Clara Nunes nasceu em
agosto e, desde 2006, neste mês, a prefeitura realiza um festival cultural.
Ao chegarmos à cidade, demos de cara com a
Casa de Cultura Clara Nunes na praça Aníbal Pinto Magalhães. Foi instalada no prédio em que funcionou o cinema e onde Clara se
apresentou pela primeira vez com apenas quatro anos de idade. o espaço oferece oficinas de música, dança, palestras e exposições para a população. A instituição estava fechada e ficamos um pouco frustrados achando que ali funcionaria o museu da cantora, pois, as referências na internet é de que funcionava ali. Perguntamos e, para nossa surpresa, não era. O museu estava mais à frente onde funcionava a antiga delegacia da cidade.





O
Memorial Clara Nunes mostra a trajetória da cantora. São mais de sete mil
peças dentre fotos, discos de ouro, documentos e roupas e acessórios pessoais.
O acervo foi doado pela irmã mais velha e madrinha e pelo marido de Clara, o compositor Paulo César Pinheiro. O espaço é pequeno, mas muito rico em detalhes. São
cinco ambientes:
A obra, Acervo de Indumentária, A
vida, Troféus e Discografia. Há uma sala com televisão, fotos dela com outros artistas e painéis de divulgação de seus shows e fotos dela onde é possível assistir a um documentário sobre sua trajetória.

A visita começa com um espaço dedicado à religião. Clara se dedicou à umbanda, principalmente, depois que viajou para a África, mas também mantinha sua fé no catolicismo e budismo. Contas, guias, santos e budas estão neste ambiente.

Os vestidos que ela utilizou em shows e clipes estão lá. O disco de ouro que ganhou, as viagens internacionais que fez à África, na época da luta pela independência, Japão. Deste país, há as lembranças que trouxe: chinelos, kimono. Fotos de seu arquivo pessoal dessas viagens. Release de divulgação do show (dirigido por Bibi Ferreira) e disco Clara Mestiça. Um painel com a linha do tempo conta toda a história da carreira da cantora. E uma vitrine com os cartões e telegramas de felicitações por seu trabalho. Identificamos do Chacrinha e da Alcione.
Clara Nunes teve com o pai os primeiros contatos com a música, que era violeiro e participava cantando na Folia de Reis da cidade.
História - Antes,
por causa do córrego do Cedro que banha a cidade, o nome da localidade era este. No século XIX, com teares importados dos Estados Unidos, foi montada a fábrica
de tecidos Cedro e Cachoeira. A primeira no estado de Minas Gerais e a segunda
do Brasil. E, ao formar uma vila por causa da empresa, a localidade se tornou
distrito de Paraopeba. A emancipação se deu em 1954 e a cidade passou a se
chamar Caetanópolis. Em homenagem ao c
oronel Caetano
Mascarenhas, um dos fundadores da fábrica.

Para contar toda essa história da fabricação de tecidos no
Brasil, foi criado o
museu da Indústria
Têxtil Décio Mascarenhas. Ele fica nas dependências da fábrica, que é
centenária. O acervo conta com mais de mil peças, considerado o mais completo
do país nesta categoria. Mais uma vez, uma pequena frustração na cidade. Ao chegarmos, fomos informados que as visitas ao museu devem ser agendadas. Insistimos em fazer a visita mesmo que não fosse guiada, pois as referências do lugar eram excelentes, mas não foi possível. Felizmente, o segurança autorizou nossa entrada apenas para fotografar a fachada do museu.
Dizem
que a Igreja Matriz de Santo Antônio
é um dos maiores templos de Minas Gerais dedicados ao santo.

Almoçamos no restaurante
Cabana do Maquiné, que é ligado ao
Maquiné
Park Hotel. Um lugar muito bonito e aconchegante, mas, como fomos apenas no
bate e volta, não nos hospedamos e entramos apenas para conhecer o local, que é bem bonito. Ttem piscina com cascata, piscina coberta e aquecida, pesque e solte... o
que faz ter diversão para qualquer época do ano.

Passamos também na
Oca
do Milho, que fica à beira da rodovia BR 040. São duas unidades. A que passamos por ela na ida parece mais completa. A segunda unidade, onde paramos na volta, é menor, mas oferece os produtos e ainda salgados, doces, pães, balas de diversos sabores, porém, os produtos de milho são o carro-chefe. Dizem que são mais de 50 itens no
cardápio. Todos feitos com milho e a especialidade é a pamonha, tão gostosa e como as de
Caldas Novas/GO.
Tudo é fabricação própria. Vi, de milho, suco, bolo, pudim, mousse, picolé, sorvete, grãos, mingau e pamonhas salgadas e doces.
Visitei e recomendo:
Memorial Clara Nunes
Museu da Indústria Têxtil Décio Mascarenhas
Igreja Matriz de Santo Antônio
Maquiné Park Hotel
Oca do Milho
Localização:
Caetanópolis fica na Região Metropolitana de Belo Horizonte
e está a 100 km da capital mineira.
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*Texto e crédito das fotos: Karina Motta