A primeira Capital de Minas Gerais reúne qualidades que engrandecem a cidade e agrega patrimônio histórico, religioso, natural, literário e a maior e mais antiga mina de ouro do mundo aberta para visitação
Ao pisar os pés na cidade de Mariana, os sinos anunciavam o
início da procissão de Corpus Christi. Senti-me abençoada. Era como se cada
badalada dissesse amém aos meus melhores anseios de saúde, paz e amor para mim,
meus familiares, amigos e porque não para o mundo. Começar um turismo assim é
mesmo emocionante e próspero. Poder, em Minas Gerais , ver de perto os famosos tapetes de
serragem típicos de eventos religiosos como este também foi incrível. Como na
época em que o bispo chegou à cidade, as sacadas dos sobrados estavam todas
enfeitadas com flores, toalhas bordadas, tapetes e colchas.
Pioneiro nas Minas Gerais, o município foi sede da capitania
de São Paulo e das Minas do Ouro,
primeira vila e cidade do estado, sediou a primeira Câmara Municipal e constituiu o primeiro bispado da capitania das Minas Gerais. Palco de grandes lutas pela liberdade, Minas Gerais foi alvo de grandes motins. O maior e mais conhecido, a Guerra dos Emboabas. O ouro realmente tomava conta de toda a região atraindo muitas pessoas. Assim, a Coroa Portuguesa nomeou um governador para o estado e Mariana, à época, foi escolhida para sediar o governo.
primeira vila e cidade do estado, sediou a primeira Câmara Municipal e constituiu o primeiro bispado da capitania das Minas Gerais. Palco de grandes lutas pela liberdade, Minas Gerais foi alvo de grandes motins. O maior e mais conhecido, a Guerra dos Emboabas. O ouro realmente tomava conta de toda a região atraindo muitas pessoas. Assim, a Coroa Portuguesa nomeou um governador para o estado e Mariana, à época, foi escolhida para sediar o governo.
Mariana faz parte da Estrada Real e foi a primeira Capital
de Minas Gerais. O município tem muita história para contar. A importância da
cidade é inco-mensurável. Visitá-la, uma honra, pois, é um verdadeiro marco de
cultura, política, história, religiosidade, riqueza...
Politicamente, Minas Gerais tem influência no Brasil e a
primeira capital do estado não ficou de fora da participação efetiva em todos
os períodos seja na Independência, no Império ou na República. Em 1945, Mariana recebeu o
título de Monumento Nacional do então presidente Getúlio Vargas. E, anualmente,
no dia de Minas, comemorado em 16 de julho, o governo do Estado se transfere
para a cidade.
No século XVIII, Mariana teve grande repre-sentatividade no
ciclo do ouro, produzindo o metal em grande escala para a coroa portuguesa. Tanto
que suas construções, igrejas são repletas de obras feitas no metal dourado. E
poder visitar uma mina de ouro, ter uma aula de geologia e sobre a extração de
metais preciosos foi espetacular. E olha que não é qualquer mina. Ela é
simplesmente a maior e mais antiga do mundo aberta para visitação.
É muito interessante conhecer a Mina da Passagem. Os turistas embarcam em um trolley rumo às galerias subterrâneas. Ele pode chegar a315 m
de extensão e 120 m
de profundidade. Uma verdadeira aventura, que está muito bem relatada na frase
de abertura do site do ponto turístico (http://www.minasdapassagem.com.br/intpor.html):
“Visitá-la é como viajar pela história, vivenciando a saga e a sina perigosa
dos homens que procuravam pelo ouro no interior das montanhas mineiras”. Há,
inclusive, um lago natural!
É muito interessante conhecer a Mina da Passagem. Os turistas embarcam em um trolley rumo às galerias subterrâneas. Ele pode chegar a
Durante a visita, é explicada a origem do ditado: “nem tudo
que reluz é ouro” e a expressão “ouro de tolo”. Na verdade, os dois estão
ligados à pirita, que é um sulfeto de ferro. Ela é conhecida ouro dos tolos
porque seu brilho engana mineradores iniciantes, que a confundem com o metal
precioso.
canções, melodias... e um lugar bem interessante que conheci em Mariana foi o Museu da Música. Ele possui um grande acervo de música sacra manuscrita, com mais de duas mil partituras e desenvolve um excelente trabalho de resgate da memória que proporcionou a revelação de novas peças de compositores reconhecidos como Lobo de Mesquita. Muitas obras, inclusive, para não se perderem, foram restauradas. O museu faz parte do Programa Memória do Mundo da UNESCO.
E, se Minas Gerais tem
igrejas maravilhosas, artistas reconhecidos mun-dialmente, impossível ir a
Mariana e não conhecer o Museu
Arqui-diocesano de Arte Sacra, que tem cerca de duas mil peças. É
considerado o mais rico em arte sacra de Minas e o segundo do Brasil. Há um abastado
mobiliário, imagens portuguesas, trabalhos em pedra sabão e jacarandá, pinturas
de Mestre Atayde, itens em porcelana, ouro e prata, além de ambientes completos
do século XVIII. A arquitetura colonial do prédio, tipicamente portuguesa, é de
José Pereira Arouca. Comenta-se que a casa funcionou como prisão para padres.
O Museu Casa de Alphonsus de Guimaraens reúne todo o acervo do poeta doado pela família. São objetos pessoais, mobiliário, contando sua vida. Além de cartas, originais de poemas, fotos, matérias em jornais da época, livros... Um acervo riquíssimo que enche os olhos de encantamento daqueles que apreciam história e literatura. Guimaraens morou neste prédio no período de 1913 até sua morte em 1921.
O Museu Casa de Alphonsus de Guimaraens reúne todo o acervo do poeta doado pela família. São objetos pessoais, mobiliário, contando sua vida. Além de cartas, originais de poemas, fotos, matérias em jornais da época, livros... Um acervo riquíssimo que enche os olhos de encantamento daqueles que apreciam história e literatura. Guimaraens morou neste prédio no período de 1913 até sua morte em 1921.
Formado em Direito, Guimaraens foi promotor de Justiça de
Minas Gerais e juiz de Mariana. Atuou como colaborador para alguns jornais de
São Paulo, onde estudou. Poeta, representante do Simbolismo brasileiro, mescla
em sua obra misticismo, amor e morte. No cemitério do Rosário, é possível
visitar o túmulo de Alphonsus de
Guimaraens.
Há ainda no centro da
cidade, o Atelier e Casa dos Artistas
Mestre Ataíde, que conta com exposições, além de ser um excelente espaço
para visitas, elaboração de obras pelos artistas plásticos e comercialização
das mesmas. Outro lugar para a difusão das artes e cultura é o Centro de Cultura Sesi/Mariana. Nele,
há um teatro com capacidade para 300 pessoas. Também são oferecidas aulas de
artes plásticas, teatro, dança e cursos de formação em instrumentistas de
cordas para orquestra e flauta doce para crianças e adolescentes interessados.
Ruas – Principalmente nas ruas
da Direita e Dom Silvério, há pre-dominância de construções tipo sobrado. A
Direita é a segunda rua mais antiga
da cidade. Ela reúne construções coloniais, com vários prédios que serviram de
residência para pessoas ilustres do estado como o Barão de Pontal,
ex-governador de Minas Gerais e de Alphonsus Guimaraens, onde hoje funciona o
museu do poeta. A Casa do Barão de Pontal é maravilhosa. Em seu exterior, há sacadas
rendilhadas em
pedra-sabão. Raras em Minas e também no Brasil. E foi
exatamente por essas ruas que seguimos a procissão do Corpus Christi.
O Barroco brasileiro está bem representado na praça principal de Mariana, a Minas Gerais, nas igrejas e conjunto arquitetônico da cidade. A localização da praça Minas Gerais em um local mais alto concede às duas igrejas nela situadas (São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo), situação privilegiada. De qualquer ponto do centro histórico, é possível enxergar as torres das igrejas de São Francisco e do Carmo. Ao nos aproximarmos delas, somos surpreendidos ao vermos como foram construídas perpendicularmente uma à outra. Em frente à igreja de São Francisco está o Pelourinho, que era usado para castigar infratores. O globo esculpido no alto simboliza as conquistas marítimas portuguesas. Do lado esquerdo, há uma balança, que representa a justiça e, no direito, uma espada simbolizando a condenação. Do outro lado da rua, a Casa de Câmara e Cadeia. Nesta, há móveis antigos e o guia se adianta a explicar que, na época em que eram usados, todas as grandes mesas de banquete tinham gavetas, mas, não pensem que era para guardar talheres ou toalhas e guardanapos, não! As gavetas eram para esconder a comida rapidamente caso chegasse alguma visita bem na hora das refeições. Impossível conter o riso!
O Barroco brasileiro está bem representado na praça principal de Mariana, a Minas Gerais, nas igrejas e conjunto arquitetônico da cidade. A localização da praça Minas Gerais em um local mais alto concede às duas igrejas nela situadas (São Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo), situação privilegiada. De qualquer ponto do centro histórico, é possível enxergar as torres das igrejas de São Francisco e do Carmo. Ao nos aproximarmos delas, somos surpreendidos ao vermos como foram construídas perpendicularmente uma à outra. Em frente à igreja de São Francisco está o Pelourinho, que era usado para castigar infratores. O globo esculpido no alto simboliza as conquistas marítimas portuguesas. Do lado esquerdo, há uma balança, que representa a justiça e, no direito, uma espada simbolizando a condenação. Do outro lado da rua, a Casa de Câmara e Cadeia. Nesta, há móveis antigos e o guia se adianta a explicar que, na época em que eram usados, todas as grandes mesas de banquete tinham gavetas, mas, não pensem que era para guardar talheres ou toalhas e guardanapos, não! As gavetas eram para esconder a comida rapidamente caso chegasse alguma visita bem na hora das refeições. Impossível conter o riso!
O prédio, que
também já serviu de casa de fundição de ouro e senzala, hoje é utilizado pela
Câmara Municipal de Mariana e está perma-nentemente aberta para visitações. Por
si só o prédio é maravilhoso e cheio de detalhes. Como, por exemplo, os
corrimãos da escada que são em pedra sabão, possui seis janelas enormes com
lindas molduras e parapeito de ferro. Na parte de baixo, onde funcionava a
cadeia, há três celas para que presos brancos, negros e mulheres ficassem em
cada uma delas.
Igrejas, cultura e música – A cidade é símbolo do ouro, mas, suas
riquezas não se resumem ao metal precioso. Há várias igrejas no município e
todas têm um diferencial seja histórico, artístico, arquitetônico que as
engrandece ainda mais. Um dos templos
que eu estava louca para conhecer em Mariana era a Catedral Nossa Senhora da Assunção ou da Sé como também é chamada,
principalmente, por nela ter uma raridade: o órgão Arp Shnitger. A
igreja é extremamente rica em detalhes que a ornamentam lindamente. Mestre
Ataíde e Aleijadinho fazem as honras da decoração.
Tombado pelo
Patrimônio Histórico, o órgão foi construído na Alemanha no século XVIII e foi
também um presente da Coroa Portuguesa ao primeiro bispo de Mariana. Este é o
único instrumento feito pela Schnitger que está fora da Europa. Em pleno
funcionamento, a organista Elisa Freixo apresenta e toca o instrumento para os
turistas. Ele é enorme, grandioso... A musicista explica que ele foi
transportado até o Brasil de navio e no lombo de animais. Ele foi dividido em
18 grandes caixas e 10 embrulhos. Todos numerados para que as peças não fossem
separadas ou sumissem. Ao chegar ao Brasil, ele foi instalado na igreja da Sé
pelo pai de Aleijadinho.
O Arp Shnitger ficou 50 anos parado até
que em 1984 voltou a funcionar. A restauração dele começou em 1977 e, depois,
em uma segunda fase de restauro, que durou de 2000 a 2002 e, hoje, o
instrumento é utilizado regularmente em missas, concertos e apresentações para os
turistas.
Os visitantes são
convidados a ficarem bem próximos do órgão para ouvirem as explicações. Foi
magnífica esta experiência! Superou as expectativas. Mas a arquitetura do
prédio também impressiona. A igreja foi construída pelo pai de Aleijadinho,
Manoel Francisco Lisboa. E a pia batismal é do próprio Aleijadinho. O
batistério conta com uma tela do pintor Athayde. Outra riqueza da igreja é a
imagem de Nossa Senhora do Carmo no altar-mor. O manto português é todo bordado
a ouro.
Como já foi dito, na praça
Minas Gerais, estão as igrejas São
Francisco de Assis e Nossa Senhora do Carmo. Como de costume, a igreja do
Carmo é grandiosa. Foi aqui que assistimos à missa depois de termos acompanhado
a procissão de Corpus Christi. A
imprensa local estava presente para cobrir o evento e a cidade fez jus de
aparecer na mídia. Estava toda enfeitada com tapetes de serragem, as casas
tinham suas janelas adornadas com flores e panos brancos. Representou
maravilhosamente muita fé, respeito e a religiosidade do povo mineiro. Foi
realmente emocionante participar deste evento.
Atrás da Câmara
Municipal, que também fica na praça Minas Gerais, encontramos a capela São Jorge, conhecida como Senhor
dos Passos. Uma das mais simples edificações religiosas de Mariana é a igreja Nossa Senhora das Mercês, porém,
seu interior traz imagens representando a Sagrada Família talhadas em madeira e
enfeitadas com ouro. Esta é considerada a estátua mais valiosa da cidade.
Agora, o menos robusto templo da cidade é mesmo a Capela Santo Antônio, que é a primeira igreja do município, a mais
antiga, portanto, e onde foi celebrada a primeira missa.
Para se ter uma bela
vista de Mariana, basta se dirigir à igreja
São Pedro dos Clérigos. As formas do templo são arredondadas, denotando
influência italiana. Além dela, apenas outras duas
Esta linda cidade
histórica tem mesmo em suas igrejas interessantes pontos turísticos. Cheias e
ricas de detalhes arquitetônicos, são verdadeiras maravilhas esculpidas. Na
igreja São Francisco de Assis, por
exemplo, tem o detalhe da portada, em pedra sabão, que é atribuído a
Aleijadinho e a pintura do forro é de Mestre Athayde.
No Santuário de Nossa Senhora do Carmo, a fachada é o que mais chama
atenção. Suas torres são cilíndricas e há florões na portada. Os altares seguem o estilo Rococó.
E é claro que minha
visita a Mariana não podia excluir do roteiro a linda igreja Nossa Senhora do Rosário. O interior dela impressiona de
tanta beleza! As pinturas são de Mestre Ataíde. Há também as pequenas
capelinhas que representam os passos da
Via Sacra como o passo da Cruz às Costas, do Pretório e da Ponte de
Areia.
Já o Seminário São José possui arquitetura maravilhosa com uma pequena capela contendo pinturas do italiano Pietro Gentilli. Visitamos apenas a parte externa, pois limitam a entrada de turistas por se tratar de um local destinado à meditação e estudo, porém, isso não nos impediu de ver uma preciosidade: a escadaria é toda incrustada de topázio imperial bruto. Lindo mesmo! Um luxo.
Já o Seminário São José possui arquitetura maravilhosa com uma pequena capela contendo pinturas do italiano Pietro Gentilli. Visitamos apenas a parte externa, pois limitam a entrada de turistas por se tratar de um local destinado à meditação e estudo, porém, isso não nos impediu de ver uma preciosidade: a escadaria é toda incrustada de topázio imperial bruto. Lindo mesmo! Um luxo.
Por fim, a igreja de Nossa Senhora dos Anjos – Arquiconfraria de São Francisco dos Cordões. Ela tem construção simples. Em Mariana, é a única que possui três planos e uma torre central.
Visitei e recomendo:
Atelier e Casa dos Artistas Mestre Ataíde
Casa de Câmara e Cadeia
Casa do Barão de Pontal
Centro de Cultura Sesi/Mariana
Chafariz São Francisco
Igreja de Sant’ana
Igreja Nossa Senhora das Mercês
Igreja Nossa Senhora dos Anjos – Arquiconfraria
Igreja Nossa Senhora do Rosário
Igreja São Francisco de Assis
Igreja São Pedro dos Clérigos
Mina da Passagem
Museu Arquidiocesano de Arte Sacra
Museu da Música
Passos da Via Sacra
Pelourinho
Praça Gomes Freire
Rua Direita
Rua Dom Silvério
Santuário Nossa Senhora do Carmo
Seminário São José
Localização:
Mariana está no circuito da Estrada Real e situada na Serra
do Espinhaço. Pertence à zona metalúrgica do estado, conhecida como
Quadrilátero Ferrífero. A cidade fica a 110 km da capital mineira, Belo Horizonte e a 12 km de Ouro Preto, fazendo
limite com este município.
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*Texto e Fotos:
Karina Motta
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