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sábado, 24 de outubro de 2015

Independência e liberdade pelas ruas de Ouro Preto/MG

Uma das mais famosas e mais visitadas cidades de Minas Gerais é mesmo Ouro Preto. Reconhecida
interna-cionalmente por sua importância cultural, histórica e artística, a cidade foi a primeira no Brasil a receber o título de Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas (ONU) e é identificada como o município que guarda o maior conjunto arquitetônico barroco do Brasil. Por ter a honra de morar perto, visitei várias vezes o município e ainda pretendo ir mais, porém, ele sempre é surpreendente por tudo o que representa.
Famosa por suas belas ladeiras, por si, a cidade possui uma riqueza estonteante de detalhes em todos os sentidos e que atrai sempre visitantes de várias as partes do mundo. Ao chegar em Ouro Preto, vê-se o artesanato em pedra sabão e quadros retratando a cidade por todos os cantos da cidade e em ateliês, por isso, resolvi ilustrar este post com imagens de pinturas sobre o município retiradas da internet. É a primeira vez que não utilizo fotos próprias. Aliás, as retratos do interior dos pontos turísticos são proibidos a fim de evitar furtos, roubos e danificar o patrimônio. Exteriormente, os registros fotográficos são permitidos.

Ciclo do Ouro e a Incon-fidência – No século XVIII, auge do ciclo do Ouro, era a maior cidade das Américas. Toda essa influência a fez se tornar capital do estado de Minas Gerais. A maior atração eram as minas de ouro, por isso, eram cobrados altos impostos pela Coroa Portuguesa. Os anseios de liberdade fizeram com que a elite mineradora quis separar-se de Portugal e, assim, ocorreu a Inconfidência Mineira, com o objetivo de conquistar a independência do Brasil e foi assim que a elite mineira se uniu nesta luta. Participaram intelectuais, fazendeiros, militares, poetas, padre Rolim e donos de minas. Ao ser denunciada, a conjuração foi descoberta e o líder Tiradentes foi condenado à forca. Muitos outros participantes foram mandados para o exílio na África.

Os restos mortais de alguns destes exilados foram trazidos para o Museu da Incon-fidência, que é onde funcionava a antiga casa de Câmara e Cadeia. Aqui é possível encontrar, inclusive o livro original com a condenação de Tiradentes. Ainda há peças de arte sacra dos séculos XVIII e XIX, réplicas de obras de Aleijadinho e Mestre Athayde, documentos sobre a inconfidência e mobiliário de época.

Ouro Preto respira toda essa história até hoje. Cada cantinho traz a lembrança destes tempos. A praça Tiradentes é onde a cabeça do alferes Joaquim José da Silva Xavier ficou exposta. Os museus com nomes de casa, já que serviam de residência, como é o caso da dos Contos, a Guignard e de Cláudio Manuel da Costa, que possuem itens originais da época.

A primeira foi moradia do administrador de impostos da capitania de Minas Gerais, funcionou como intendência do ouro e também como prisão dos inconfidentes. Encontram-se expostos móveis dos séculos XVII e XIX, coleção de moedas, documentos antigos e biblioteca. Nos tetos, as pinturas são de Mestre Athayde. Próximo dali, está o mais famoso chafariz de Ouro Preto, o dos Contos.

A Casa Guignard é onde viveu o famoso artista plástico Alberto da Veiga Guignard, que tão bem retratou as Minas Gerais em seus quadros. Há exposição de suas telas, objetos pessoais e um chafariz em pedra-sabão feito por Aleijadinho.

Museus – Toda Ouro Preto é um museu a céu aberto. É de encantar! Há alguns específicos e que geralmente funcionam nos anexos das igrejas. E a terra de tantos personagens históricos e importantes também acolheu renomados artistas que têm seus belíssimos trabalhos guardados nas próprias igrejas da cidade. Mestre Athaíde e Aleijadinho são os principais.

Igrejas – O Barroco e Aleijadinho se fazem presentes em todo o município, princi-palmente, nas mais de 20 igrejas e capelas da cidade. Tudo permeado pelo ouro retirado das minas e utilizado também nas esculturas e detalhes arquiteturais dos templos. Já no centro da cidade, encontram-se a Matriz Nossa Senhora do Pilar e a igreja São Francisco de Assis. Esta pode ser considerada a mais esplendorosa de todas. Aleijadinho deixou sua marca registrada em vários pontos do templo como na fachada e no lavabo da sacristia. Já Mestre Athaíde assina a pintura do forro da nave e está presente também no altar-mor.

E se ouro é uma das marcas da cidade e das igrejas, que tal conhecer uma com mais de 400 kg do mineral? Esta rica orna-mentação está na Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar. O barroco está em todo o seu esplendor presente neste templo e em seu subsolo ainda é possível conhecer o Museu de Arte Sacra. Mais uma vez, Mestre Athaíde e Aleijadinho são responsáveis por muitas obras.

Já o pai de Aleijadinho, Manuel Francisco Lisboa, é o responsável pelo projeto da Igreja Nossa Senhora do Carmo onde predomina o estilo rococó e há azulejos portugueses na capela-mor. Para variar, Aleijadinho e Mestre Athaíde também contribuíram com seus trabalhos em alguns espaços da igreja. No anexo do prédio, o Museu do Oratório, onde estão expostos mais de 160 oratórios dos séculos XVII ao XX, que surpreendem pela diversidade de formatos. O pai de Aleijadinho também executou e projetou a Matriz Nossa Senhora da Conceição e é aqui onde pai e filho estão enterrados. Na sacristia deste templo, funciona o Museu de Aleijadinho, com algumas obras do artista.

As formas arre-dondadas estão presentes na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Como manda a tradição, não há muita presença do ouro neste projeto. Em meio a tantas igrejas, há inclusive uma do Rosário dedicada aos brancos. Tradicionalmente, destinada aos negros, a Capela Nossa Senhora do Rosário dos Brancos ou, como também é conhecida, de Padre Faria vai na contramão desta tradição. Este pároco rezou a primeira missa na região. Ao conhecê-la, lembrei-me da Igrejinha do Ó em Sabará, ela surpreende pela simplicidade externa contrastando com o riquíssimo interior. Conta-se que havia uma igreja da irmandade do Rosário que acolhia brancos e negros, mas os negros expulsaram os brancos que formaram outra igreja. O sino e a cruz foram construídos posteriormente.

Teatro – O teatro mais antigo da América Latina é a Casa de Ópera de Vila Rica. Assim como em , Dom Pedro chegou a frequentar o camarote da família real.
Sabará

Eventos – Muitos festivais e mostras invadem a cidade durante todo o ano. Jazz, cinema, Letras e o Festival de Inverno. A festa do 12 também é bem tradicional. Neste evento, comemora-se o aniversário da Universidade Federal de Ouro Preto. Realizada em outubro, ela é uma confraternização que reúne antigos e novos estudantes além de turistas, é claro.

Além disso, possui um dos carnavais mais animados do país. Quando adolescente, fui conhecer o carnaval de Ouro Preto, para acompanhar os desfiles dos blocos alegóricos. Há bandas tradicionais que fazem a festa e animam os foliões.

A Semana Santa é um espetáculo à parte. Os turistas podem participar da confecção dos tradicionais tapetes de serragem que enfeitam as ladeiras da cidade, que conta ainda com procissões. Tive o privilégio de passar este período em um dos distritos mais charmosos de Ouro Preto, que é Lavras Novas (posteriormente, teremos um post específico sobre a localidade e a celebração).

Hospedagem ­– Por morar bem próximo, sempre passo apenas o dia em Ouro Preto nas vezes em que a visitei. Apenas uma das vezes, optei por comemorar o ano novo em um hotel que é na estrada para a cidade (rodovia dos Inconfidentes), o Sesc Estalagem. Este é um lugar interessante, onde funcionou o antigo hotel Estrada Real. São 2,25 milhões de metros quadrados, que fica ao lado da reserva ecológica do Tripuí. A ambientação do local é voltada para a tradição mineira com carros de boi, carruagem. Há ainda playground trilhas de caminhada, lareira, academia, quadras, piscinas e sauna.

Também há opções para todos os bolsos e gostos na sede do município quando o quesito é hospedagem, inclusive, algumas bem próximas às atrações turísticas. Algo bem tradicional é a república, moradia de estudantes. Principalmente, nas principais festas (do 12 e Carnaval, por exemplo), elas hospedam turistas a preços bastante módicos.

Localização:
Ouro Preto pertence à Estrada Real e dista 98 Km da Capital mineira, Belo Horizonte.

Visitei e recomendo:
Museu da Inconfidência
Praça Tiradentes
Casa dos Contos
Chafariz dos Contos
Casa Guignard
Casa de Cláudio Manuel da Costa
Casa Guignard
Igrejas: Matriz Nossa Senhora do Pilar, Matriz Nossa Senhora da Conceição São Francisco de Assis, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Capela Nossa Senhora do Rosário dos Brancos
Museus: de Arte Sacra, de Aleijadinho Igreja
Teatro
Eventos: Festivais do Jazz, das Letras, de Inverno, Festa do 12, Carnaval, Semana Santa


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*Texto: Karina Motta 
Fotos: reprodução internet 

4 comentários:

  1. O ano novo na Estalagem eu participei. E foi mágico.

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  2. Muito bom blogue. Entretanto,teria apreciado ainda mais,se ao invés de citar somente o referencial " internet" às belíssimas telas,que retratam Ouro Preto,houvesse registrado o nome dos autores das lindas obras! Isto só teria enriquecido a matéria.

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    1. Obrigada, Regina. Excelente observação. Tentarei recuperar a autoria das obras

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