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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Costumes preservados em Lavras Novas/MG


Rico em cultura e lindas paisagens, o distrito de Ouro Preto guarda relíquias vivas da história de Minas Gerais, principalmente, da vida de seus habitantes

Desde que assisti ao filme Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo, ambientado em Lavras Novas, fiquei alucinada para conhecer este distrito de Ouro Preto/MG, mas, como o acesso era fácil para mim, que moro a menos de 120 km da localidade, fui adiando minha ida até que resolvi passar a Semana Santa lá e foi a melhor coisa que fiz. Assim como o município sede, Lavras Novas mantém a tradição de realizar encenações, procissões e fazer o lindo tapete de serragem em eventos como este.

No domingo ao acordarmos, ouvimos sinos e cânticos... Corremos para a janela e... Pasmem! A procissão estava passando bem naquela hora e, o mais sur-preendente, a rua estava toda enfeitada com os tapetes de serragem. Os moradores fizeram tudo de madrugada, concentrados e em silêncio para que, bem cedinho, estivesse pronto para a procissão passar. Foi mágico este momento. Fomos dormir com a cidade do jeito que a conhecemos e acordamos com ela toda enfeitada, transbordando fé, carinho, amizade, cultura... Fenomenal mesmo!

A lua como testemunha – No céu, uma imensa lua cheia iluminava os eventos realizados à noite para celebrar a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Era encantador ver a lua enquadrada exatamente com a torre da igreja Matriz Nossa Senhora dos Prazeres. Maravilhoso! A tradição e valores muito bem amparados pelo brilho do satélite natural da Terra.

Acompanhamos todas as celebrações da semana santa, como o lava-pés, realizado na igreja. Assim que chegamos ao distrito, ela estava fechada, mas, logo apareceu um senhor para abri-la e nos mostrou a enorme chave. Senti-me muito importante como se estivesse recebendo a chave da cidade já que a religiosidade é muito considerada na região. A vista da igreja é linda, aliás, de qualquer ponto da cidade tudo que se vê é magnífico!


Teatro – O teatro é muito valorizado no local. O ator Jonas Bloch tem casa lá e sempre é visto no distrito. Ele participa ativamente na melhoria do local. Investiu em uma loja de artesanato e cafeteria, colabora na associação de moradores e ajuda na capacitação profissional e de teatro. Uma das noites, assistimos à peça do grupo Balaio de Gato, que estava em cartaz e ele era o diretor. No final do espetáculo, Bloch tirou fotos com os turistas/espectadores.
Cachoeiras – Como sempre digo, não sou muito fã de aventuras, mas, amo explorar os locais que conheço. Sei que a região tem cachoeiras maravilhosas e nos contaram que havia uma de fácil acesso, a do Pocinho. Pegamos as dicas de como chegar até ela e nos embrenhamos na trilha, que por si só já é linda. Começamos a andar sem rumo até que nos demos conta de que o celular estava sem sinal e não havia uma trilha correta a ser seguida. Para quem nunca esteve no local e quase nunca percorre trilhas, a dificuldade de continuar era grande, por isso, decidimos abortar a missão e voltar para o centro.
Casinhas coloridas – Uma das histórias sobre a origem do nome do distrito diz que, depois de encerradas as atividades nas lavras de Ouro Preto, Lavras Novas passou a ser o local mais procurado para a exploração do ouro. Daí o nome. A marca de Lavras Novas é uma sucessão de casinhas coloniais e coloridas emolduradas por um mar de montanhas extremamente verde. Cada pousada e restaurante é um charme, um convite ao romantismo.

O clima das antigas tabernas, onde os inconfidentes divulgavam os ideais de liberdade, um delicioso e requintado café, jantares a luz de velas... Enfim, a atmosfera criada pelos estabelecimentos é mesmo para agradar a todos os gostos, inclusive, os mais requintados dos turistas.


E se a opção é algo mais econômico, isso também é encontrado em Lavras Novas. Mas não pense que, com preços mais módicos, a qualidade do atendimento cai. Pelo contrário, é tudo muito mais aconchegante e os donos sabem dar uma atenção especial e personalizada para cada hóspede tornando tudo mais atraente. Sem falar que sempre sobram histórias de vida e do Brasil, cultura a ser ouvida dos moradores. Particularmente, preferi alugar uma suíte, pois, vi que as pousadas eram atrativos à parte e, ao invés de me hospedar em uma delas, preferi conhecer todas ao visitar para almoçar, jantar, tomar um suco ou mesmo um vinho. E foi a melhor coisa que fiz. Ao pesquisar a suíte, encontrei os Quartos da Preta. Todos simples, porém, coloridinhos por dentro, remetendo às casinhas da localidade, chão de cimento pintado assim como as residências do interior de Minas Gerais usaram certa época.

A diária inclui café da manhã, mas, na alta temporada a Preta também oferece almoço, pois, sempre há um turista que bate à porta em busca de uma comida caseira e barata. O fogão à lenha ficava recheado de pratos deliciosos praticamente todo o dia e aproveitamos uma das vezes para almoçar lá. Realmente o tempero é maravilhoso. Vale a pena. A comida é totalmente caseira, o que lembra o carinho e tempero da vovó. Hum...

Ainda tivemos contato com uma tradição da família dela. Ao sentarmos para o café, percebi que na sala havia um estandarte pendurado na parede. Perguntei o que era e ela me explicou que compunha a folia de reis e que seu pai foi quem iniciou as atividades do congado em Lavras Novas, mas, depois da morte dele, os moradores não mais realizaram a festa, porém, que ela estava retomando o costume. Achei uma ótima notícia!

Outro quarto muito comentado também é o do Vicente. O proprietário é famoso pela cordialidade e simpatia.
No quesito alimentação barata, achei algo muito interessante. Ao sair do restaurante 
onde havíamos jantado, caminhávamos rumo à nossa suíte quando vi um aglomerado de gente. Fui verificar o que estava acontecendo. O murmurinho e a fila eram para a compra de um pastel frito, mas, não era qualquer pastel. Da forma como era servido, nunca vi: bem grande como aqueles de feira. Depois de escolher o recheio, carne, frango ou queijo, o vendedor fritava na hora e claro que não parava por aí, pois, seria muito comum. Assim como nos carrinhos de cachorro quente, havia vários ingredientes a serem escolhidos para completar o recheio da guloseima. Até farofa tinha! Então, o vendedor abria o pastel frito e você escolhia os itens para colocar no pastel. Achei muito criativo e diferenciado!

Realmente, Lavras Novas é um lugar lindo e cheio de maravilhas, que merecem ser vistas e revistas sempre. Só de estar em meio a este mar de montanhas emolduradas de muito verde, o colorido arquitetônico e os costumes preservados revigora todas as energias e a fé de qualquer pessoa!

Localização:

Lavras Novas fica a 120 km de Belo Horizonte e a 17 Km de Ouro Preto. Pertence à Estrada Real.


Visitei e recomendo:
Igreja Matriz Nossa Senhora dos Prazeres
Grupo de teatro Balaio de Gato


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*Texto e Fotos: Karina Motta 

4 comentários:

  1. Amei a postagem. Voltei no tempo. Revigorei, ainda mais, o amor. Excelente, Lavras Novas e você Karina Motta.

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  2. Lavras Novas foi uma das mais encantadoras cidadezinhas de Minas em que passamos... Tivemos um fim de semana inesquecível... É um Lugar onde todos devem conhecer....
    Belas Dicas!!!

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    Respostas
    1. Obrigada! Muito encantadora mesmo. Vale a pena conhecer. É um lugar muito lindo!

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