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domingo, 22 de outubro de 2017

Belo Vale, paisagens bonitas e a história da escravidão

Com uma vista surpreenden-te bela, a cidade de Belo Vale tem um encanto natural indescritível, mas também conta com registros históricos que relatam o período da escravidão, como podem ser encontrados na fazenda Boa Esperança, no museu do Escravo, o único no Brasil exclusivo da época da escravidão e nas comunidades quilombola Boa Morte e Chacrinha.

Comunidade Chacrinha
Museu do Escravo
Comunidade Boa Morte
Fazenda Boa Esperança
Fora do centro da cidade, há pontos históricos e turísticos interessantíssimos de se conhecer. Um deles é a Fazenda Boa Esperança, que está sendo restaurada em uma parceria entre a prefeitura e o instituto Inhotim. Por conta das obras, a visitação foi cancelada e é possível apenas conhecer a parte externa dela. Em meio à Serra da Moeda, a fazenda fica rodeada por uma linda paisagem e é banhada pelo rio Paraopeba. Há duas espécies de sucupira, que estavam floridas e deixaram o cenário ainda mais belo.











O BLOG VIAGENS PELO BRASIL soube que o interior da casa grande é muito belo, com paredes e tetos revestidos por painéis que representam passagens do evangelho. Apenas uma banheira que era do interior da casa foi retirada na restauração e colocada próximo ao muro. 

A fazenda é tombada pelos governos federal e estadual e pertence ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).

Ela pertenceu ao Barão de Paraopeba, coronel José Romualdo Monteiro de Barros. Há um moinho desativado, engenho de cana, monjolo, tear, roda de fiar algodão, ferramentas e instrumentos ligados à agricultura, pecuária e mineração (na serra do Mascate). A construção é de taipa e madeira com pedra.


A arquitetura chama a atenção. No interior, são 23 cômodos, capelinha de Nosso Senhor dos Passos, com detalhes atribuídos ao artista Mestre Ataíde. O corredor que liga a fazenda à capela é formado por treliça. O objetivo é que as mulheres ficam ali sem serem vistas, já que, na época, não podiam assistir às missas. Na parte exterior, encontramos uma banheira de alvenaria que pertence à casa e foi retirada na restauração. O acervo histórico também é importante. Hospedaram-se na fazenda dom Pedro II e Carlos Drumond de Andrade. Aliás, foi Drumond junto com o arquiteto Lúcio Costa que fez o parecer para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o que  levou ao tombamento da sede da fazenda em 1959.



Antes de chegarmos à fazenda, passamos pela cachoeira Boa Esperança. Ela faz parte do terreno da propriedade rural, mas o acesso é diferente. Foi uma grata surpresa, pois, em minha pesquisa sobre a cidade, antes de viajar, para escolher os pontos turísticos que visitaria, não citaram essa queda dágua. Foi refrescante, já que o calor estava a toda prova. 




A fazenda foi doada ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), em 1974. Foi da fazenda que saiu madeira para a construção das igrejas de São Francisco de Assis em OuroPreto  e de Bom Jesus em Congonhas. A propriedade teve grande importância econômica na região, chegando a abrigar mais de 800 escravos.


Infelizmente, a era da escravatura passou pelo município. Vários elementos remontam e contam a história deste triste período. A Boa Esperança, por exemplo, foi construída pelos escravos no século XVIII, que também trabalhavam na agricultura e mineração. Estas atividades ainda s o dominantes na a região.

O Barão de Paraopeba tinha muitos escravos e as senzalas onde eles ficavam não existem mais. Há apenas um porão abaixo da construção muito baixo que, dizem, era onde ficavam os escravos domésticos e outros dizem que era para castigo, mas que não cabe uma pessoa nem sentada, só deitada. Eu mesma que sou pequena, não consegui entrar sem me abaixar. Lá dentro, várias portinhas do mesmo tipo adentram mais. É muito escuro, todo de terra. Um verdadeiro horror!




Embaixo da construção, ao lado da escada é que era a senzala
O município está muito bonito e todo novinho, restaurado. Apenas a igreja Matriz de São Gonçalo precisa de restauração, mas, o projeto possui um alto custo e estão tentando angariar fundos para tal. Ela é datada de 1764. As pinturas do teto impressionam e no teto do altar, uma de São Gonçalo. Altar em estilo barroco.







Enquanto isso, as missas são realizadas em uma capela construída perto dela e ao lado do museu do escravo. 



O Museu do Escravo, que também está em reforma, é emblemático. Ele traz peças usadas pelos senhores de escravos. São mais de três mil peças em seu acervo e na parte exterior há os aparelhos de tortura. O museu funcionou primeiro na cidade de Congonhas e depois foi transferido para Belo Vale, ficando instalado em primeiro lugar na fazenda Boa Esperança e depois construído no centro da cidade em um projeto arquitetônico que lembra a Casa de Câmara e Cadeia de Mariana. Ele também está em obra, mas, a visitação continua. Há diversos objetos (a maioria doados pela fazenda Boa Esperança e outros vindos de fora) que contam a história da escravidão desde a dos indígnenas. É uma pena não citarem as comunidades quilombolas da região na visita guiada, porém, quando perguntamos onde elas ficavam, o guia soube nos explicar perfeitamente.







Há um escravo enterrado aqui. Só não se sabe sua identidade



Roupa original de um capitão do mato
Museu também conta a história da escravidão indígena


Antes da viagem, ficamos sabendo da comunidade quilombola Boa Morte, formada por descendentes de escravos. É um distrito de Belo Vale onde fica a Capela de Nossa Senhora da Boa Morte. Bem em frente há um cruzeiro. A construção possui detalhe barroco e em sua sacristia, algumas pinturas  atribuídas ao Mestre Ataíde. Infelizmente, estava fechada quando visitamos. Dessa vez, não demos sorte de encontrar alguém que a abrisse para nós como aconteceu com o BLOG VIAGENS PELO BRASIL em outros passeios. 







Na cidade, disseram-nos que existia outra comunidade quilombola: a Chacrinha. Aproveitamos para conhecê-la também.Ela é um charme. E foi reconhecida como comunidade quilombola pela Fundação Palmares em 2007, o nome do local vem de uma pequena chácara que existia na antiga fazenda. O dono dela, conhecido como barão milhão e meio casou-se com uma de suas escravas e, já que não teve  nenhum descendente direto, deixou para ela todo o seu patrimônio, que, após a morte do marido, alforriou os escravos, proporcionando a criação da Chacrinha dos Pretos em torno da antiga casa grande.





Ao chegar à comunidade, passamos pelo rio Paraopeba



No centro de Belo Vale, fica o Casarão dos Araújos, que já foi a primeira sede da prefeitura. Este é um sobrado que fica na praça, datado de 1929, em estilo inglês. Foi todo restaurado.


A praça do coreto também é lindinha e está toda bem conservada, com painéis em azulejo contando a história da cidade.







Ao olhar para o alto do morro, é possível avistar a igreja São Judas Tadeu, que fica ao lado do cruzeiro. A vista de lá é maravilhosa.
 





Não deixamos a oportunidade de conhecer a Estação Ferroviária de lá. Ela está bem cuidada. Foi inaugurada em 1917 e fazia parte da estrada de ferro que ligava o Rio de Janeiro a Belo Horizonte.












Dali, partimos direto para visitarmos, externamente, a igreja de Santana. Ela fica fora do centro da cidade, mas é outro ponto em que a vista do Belo Vale é esplendorosa. O cemitério é em volta dela. 











Bem perto, conhecemos também a Capela de Nossa Senhora da Conceição, construída em 1750. Nela, há um marco mostrando que ali surgiu o segundo povoado de Minas Gerais. 



Nos últimos anos, a cidade de Belo Vale tem se tornado referência na produção de mexerica ponkan. A produção da fruta tem crescido tanto, que já se pensa na exportação. O município é o principal fornecedor de Minas Gerais e o segundo no Brasil.  

Escolhemos o hotel Fazenda Balneário Cachoeira do Moinho para nos hospedarmos.
Desta vez, parti da escolha da hospedagem para depois turistar pela cidade em que ela estava instalada. Assim, pesquisei hotéis fazenda na Região Metropolitana de Belo Horizonte e achei este bastante completo e muito bonito em Belo Vale. A paisagem que o cerca é magnífica. Ao abrirmos a janela da nossa suíte, damos direto com essa vista esplendorosa. E ainda conta com uma cachoeira natural dentro dele, mas, para mim, achei funda. Preferi não entrar. 

















 
A estrutura é boa e foi feita uma réplica da tradicional fazenda mineira. São 10 hectares de bastante vegetação e cercados por montanhas. Há cachoeiras, piscinas, parque aquático, pescaria, passeio a cavalo, quadras, sala de jogos, churrasqueira, redes, brinquedoteca e restaurante com típica comida mineira. Boa opção para diversão e descanso.



Localização:
Da capital mineira, Belo Horizonte, a distância é de 92 km


Visitei e recomendo:
Fazenda Boa Esperança
Museu do Escravo
Igreja Matriz de São Gonçalo
Casarão dos Araújos
Comunidade quilombola Boa Morte e Chacrinha
Capela de Nossa Senhora da Boa Morte
Estação Ferroviária
Igreja de Santana
Igreja São Judas Tadeu 
Capela Nossa Senhora da Conceição
hotel Fazenda Balneário Cachoeira do Moinho


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*Texto e Fotos: Karina Motta

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