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quarta-feira, 6 de março de 2019

BH consolida seu carnaval

Participei em 2016 do carnaval de Belo Horizonte e gostei muito. Ele estava começando a se firmar, pois, até aqui, nessa época do ano, a cidade ficava vazia, com os foliões preferindo outros municípios mineiros de referência carnavalesca como Ouro Preto ou Diamantina. Depois disso, viajei para curtir a festa em outras cidades, mas ficava sempre acompanhando a animação e beleza deste evento belo-horizontino. E estava lindo! Resolvi, então, ficar na minha cidade natal. E foi maravilhoso! BH realmente está fortalecendo e se tornando referência em carnaval. Tinha bloco privilegiando todos os ritmos: MPB, Axé, Rock, Pop Rock, Maracatu, Jazz, Carimbó e Samba.
Antes, era apenas a tradicional Banda Mole e o desfile na principal avenida da cidade: Afonso Pena, mas nada demais. Depois, estendeu-se para as regionais e, aos poucos, foi tomando conta do centro da cidade e dos bairros com blocos de carnaval diversos. Festa para todos os gostos e toda a família.

Aumentou tanto o número de blocos que há alguns que desfilam apenas antes do evento em si. No período mesmo do carnaval, eles apenas curtem os dos colegas. Mas não fui em nenhum na pré festa momesca. Deixei apenas para o feriado mesmo. Fora os ensaios abertos e aulas de percussão, que garantem a festividade por um período muito maior.

Praça de Santa Tereza
Ao todo, foram cadastrados 590 blocos e 700 cortejos para 2019 em BH. São 180 grupos a mais que o ano passado. A concentração deles está na região centro-sul e no bairro de Santa Tereza. Festas fechadas também foram organizadas, mas quis mesmo foi participar dos blocos de rua e deixar fluir toda a alegria sem gastar.

Como não quis repetir os do ano que participei, não segui os blocos
Baianas Ozadas, do Pescoção e nem o da Calixto. Dei prioridade para blocos com temas que eu me identifico como de cantores e compositores e que agradam meu marido como filmes, séries, desenhos animados. E ainda os próximos da minha casa em que pude ir a pé. Foi bom por ser bem família, mais tranquilos, porém, não menos cheios da alegria dos foliões.

Até a minha paróquia quis promover o seu bloco. O padre Júnior disse que é necessário desmistificar essa questão de que carnaval é bagunça.
No geral, a festa foi bem organizada, mas, como todo grande evento, teve seus contratempos. Infelizmente, a falta de educação em jogar lixo no chão, por exemplo, ou ainda ocorrências policiais aconteceram, mas não tiraram o brilho do desfile momesco. Era esperado um público de quase cinco milhões de pessoas. Turistas de todo o mundo vieram para BH. Vi muitas lixeiras e muito policiamento, porém, como disse, não impediu empecilhos. Por outro lado, também não deixou a alegria parar.
Preferi usar transporte coletivo para me deslocar na cidade. Várias ruas e estacionamentos fechados. O aplicativo da BHTrans tinha todas as informações sobre pontos desativados, horários de ônibus e novos pontos e itinerário dos coletivos. Infelizmente, nem todo ponto tinha a informação para quem não conta com a tecnologia. E pessoas que estavam trabalhando ou indo a outros compromissos que não fosse ir atrás dos blocos de rua ficaram meio perdidos e com raiva.
O site carnavaldebelohorizonte.com.br trouxe todas as informações importantes do evento. Muito completo e notícias em tempo real.

Em um dos dias, fomos a pé da Floresta até a Savassi e tive a oportunidade de andar a pé por um dos principais cartões postais de BH, que é o viaduto de Santa Tereza. E a multidão de foliões também estava no trajeto.
Afinidade para seguir bloco ­– Separei inúmeros blocos na programação e muitos com horários coincidentes. Minha seleção foi por aqueles que mais interessavam a mim e ao meu marido e quando vi a justaposição de horários, preferi descartar os grandes blocos, que já atrairiam naturalmente grande público. Assim, dispensei o Então, Brilha!, que era minha maior expectativa. Dispensei o Monobloco também, famoso no Rio de Janeiro porque estaria muito cheio. Só no ano passado, reuniram 400 mil foliões. Queria muito ir ao Chama o Síndico também. Ainda mais que este ano ele mudou do centro para a região onde moro, que é perto do Mineirão. Porém, como coincidiu com o horário do bloco em homenagem a Vander Lee, dei prioridade a este já que sou fã número um desse cantor/compositor que tanta falta faz.
O sábado foi todo dedicado ao bloco do Xibiu. Na avenida que divide os bairros Alípio de Melo e Castelo. Ele cresceu muito, mas continua tranquilo para brincar. 
Tinha muito policiamento, mas foi o único lugar em que não foram espalhados latões de lixo. Todos jogaram no chão mesmo. O trabalho da SLU podia ter sido poupado. Eles chegaram quando o cortejo nem havia começado e ficaram entre os foliões recolhendo o lixo. Na manhã seguinte, levantei cedo e, para minha surpresa, as ruas estavam limpas. 
Marquei, neste dia, de seguir o Tambolelê, grupo que faz um trabalho social muito interessante com oficinas de percussão nas periferias de Belo Horizonte e fica perto do bairro onde moro. Entretanto, por causa da chuva, o bloco do Xibiu atrasou muito e fiquei com preguiça de sair justamente na hora em que o trio estava pegando fogo e ainda era do lado da minha casa.
 
   

Domingo foi o melhor dia de carnaval belo-horizontino para mim.Sou muito fã do cantor e compositor mineiro Vander Lee. Foi uma linda homenagem a ele, que completaria 53 anos de vida neste dia. Fiquei emocionada, animada. Fui atrás do bloco Românticos são Loucos, o melhor de BH para mim. Valeu, Vander Lee! Saudade! Parabéns onde quer que esteja! Ganhei meu carnaval!

 
 
No início da concentração, o bloco distribuiu de cortesia balões em formato de coração e geladinho de açaí. Durante o cortejo, da janela de seu apartamento, uma senhorinha ficou acenando para os foliões. Todos, inclusive os músicos, voltaram-se para ela e nos apresentamos para ela. Foliões românticos muito loucos mesmo!

Só ficou impossível seguir o trio quando ele chegou na praça de Santa Tereza. Até lá, fiquei na turma do gargarejo. Tocou as principais músicas de Vander Lee. O irmão, Marcos Catarina, conduziu o trio.
   
 
  
Em parte do circuito, o cantor desceu e ficou entre os foliões.

Teve, ainda, a bênção do estandarte do bloco.

 
Depois, o filho de Lee, Lucas Catarina,e a ex-esposa e cantora, Regina Souza, deram uma palhinha. Lucas ainda fez um lindo discurso em agradecimen-to a homenagem ao pai e também de crítica social. Ao descer do trio, pedimos para que tirasse uma foto conosco e, muito solícito, ainda nos agradeceu a presença. Foi emocionante!

  
Quando terminou, fiquei na dúvida em continuar no bairro Santa Tereza e curtir o bloco A Luz de Tieta, com músicas de Caetano Veloso ou ir para o Prado e seguir o Tambor Mineiro, com Sérgio Pererê e Maurício Tizumba. A tradição mineira bateu mais forte no coração e escolhi a segunda opção. O Tambor Mineiro é um espaço cultural, referência da cultura afro-mineira, que agrega atividades de música e teatro.


Mestre Tizumba é quem organiza o bloco

 





O bloco fez dura crítica ao mar de lama, que está tomando conta dr rios mineiros, matando gente, localidades, fauna e flora locais. Mostrou grande preocupação social, como sempre. Os integrantes da percussão tinham camisas com os dizeres Se a lama vem de cima, sai de baixo.

Três participantes também foram caracterizados para defender nossas águas e a Serra da Gandarela!
Além de muita alegria e tambores ecoando felicidade! Será impossível superar esse meu dia de carnaval.
Nos blocos em que participamos vimos crítica social, ambiental tudo com muita alegria e segurança. Carnaval é para brincar! É liberdade! Articulista de alguns jornais mineiros e sites especializa-dos em Direito, o também nosso colaborador, Wagner Dias Ferreira, escreveu sobre a importância cultural do carnaval e explicitou exatamente o que significa curtir esse feriado momesco: alegria, ocupação do espaço público, protesto e resistência em que a cidadania é exercitada. "a cultura é um direito humano inalienável. O Carnaval é cultura. Daí, brincar o carnaval é realizar o ideal do ser humano livre, isento de temor e da miséria. Só resta cumprir o mandamento bíblico do livro de 1º Tessalonicenses: Regozijai-vos sempre", afirma Ferreira.
Depois foi a vez de agradar o maridão e irmos ao Unidos da Estrela da Morte com paródias da trilha sonora não só do Star Wars como séries (Game of Thrones). Que a força esteja com você!





Ainda sobrou pique para curtirmos um samba-rock! E, na Savassi, acompanhamos o Putz Grilla com muito pop rock nacional. Muita Legião Urbana, Tim Maia, Blitz e Tim Maia adaptados para o samba.



Aí, chegando em casa, vê que a praça perto, onde teve bloco durante o dia, ainda está lotada e com os foodtrucks funcionando. Paradinha para garantir o lanche da noite!

Na terça-feira de carnaval, fomos para o Santa Tereza em busca de batucadas diferenciadas. Acompanha-mos o CarnaRock Santê com muito rock`nroll, porém, o Quem disse que Tereza é Santa, que, de acordo com a divulgação, teria a participação de duas bandas de samba composta só de mulheres: Samba de Comadre e Grupo Teresa para formar uma grande roda de samba, mas não teve. O rock`nroll salvou o dia. O som era muito bom, apesar de ser o ritmo musical que menos gosto.
Local onde seria a concentração da roda de samba
Não aconteceu - Não sei porque cargas d'água a roda de samba, onde eu queria fechar com chave de ouro meu carnaval, não aconteceu. Quem Disse que Tereza é Santa mentiu mesmo. Deu a volta nos foliões, PM SLU e BHTrans, que estavam a postos aguardando o bloco. A proposta seria boa: juntar duas bandas de samba formadas só por mulheres.
Depois que fomos embora, os organizadores avisaram em suas redes sociais que houve erro de divulgação e o bloco Quem Disse que Tereza é Santa não participaria do carnaval.

Deixei reclamação e me responderam. O grupo Teresa não teve nada a ver com a falta de responsabilidade dos criadores do bloco. Ele seria apenas convidado, mas, desde o início, não aceitou o convite. O BardaGabi pediu desculpas: "infelizmente, tivemos problemas internos que impossibilitaram a existência do bloco esse ano. Tentamos de tudo para que tivéssemos nossa festa no carnaval e não conseguimos contornar a situação para que ela acontecesse. Tomamos todas as providências para que tirassem o bloco da programação da Belotur/PBH. Mas o bloco saiu na programação oficial que fez com que vários sites divulgassem.. 

Tentamos de última hora avisar, mas foi em vão.Nem o Grupo Teresa nem o Samba de Comadre tem qualquer responsabilidade sobre o ocorrido. Inclusive o Teresa logo no início do ano já tinha deixado de fazer parte do show.
A única saída foi avisar nas redes sociais do BarDaGabi que não abriríamos no Carnaval e não teríamos o Quem Disse que Tereza é Santa.
Sentimos muito pelo ocorrido com vocês e com todos os trabalhadores que têm feito do Carnaval de BH um dos melhores do Brasil.
Estamos profundamente chateados com tudo isso também".

O problema é que avisaram o cancelamento tarde demais. Eu e muitos foliões ficamos plantados aguardando. Sem falar na PM, SLU e BHTrans que também marcaram presença e a todo momento comentavam que não havia cancelamento algum por parte do bloco. Mobilizaram pessoas que queriam se divertir ou estavam trabalhando. Lamentável e fizeram muito feio em meio a um carnaval tão bonito que BH garantiu.

Outros blocos ali perto também estavam confusos. O famoso Coco da Gente seguiu cortejo deixando alguns foliões perdidos. Toda hora alguém perguntava se ele tinha passado por ali. Decidimos também ir a um perto, mas o endereço da concentração não existia o número.

Mas, como o que vale é a alegria, curtimos um rock mesmo. Ritmo transgressor por natureza e não deixamos a poeira baixar. Valeu, CarnaRock!

Ressaca de Carnaval - A novidade do bloco Filhas de Clara, em homenagem à cantora mineira Clara Nunes, era um dos que eu não queria deixar de ir, porém, com tanta opção foi complicado. Sorte que os organizadores resolveram abrir um cortejo depois do carnaval, dia 10 de março, e lá estarei eu me divertindo! A homenagem será comandada por Aline Calixto, Marina Machado e Tia Elza.

No geral, parabéns BH que tanto amo! Entrou de vez para o circuito de melhores carnavais do país!


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*Texto e fotos: Karina Motta

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